quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Para ler todos os dias antes de deitar



Hoje dei-te o meu dia, na esplanada afrontando o olhar dos outros por motivos tão escassos. É a primeira oportunidade para uma nova estação, a natureza conspira no cimento à nossa volta. Mas eu acredito que toda a mudança venha apenas pelo fim de qualquer coisa e tu estás imóvel nessa cadeira, parece que nunca tiveste um princípio.


Onde estão agora as tuas razões, o que fizestecom a tua juventude? Não esperes que os pássaros te castiguem por perderes o dia e sufocares de noite. Eu não te posso salvar da tua angústia, baralhei os sinais por baixo de cada nome e escolhi as ruas à sorte. E tu não me podes obrigar a pensar de outra maneira, pobre de ti com as mãos encolhidas sobre o tampo da mesa. Nos dias de sol a tua sombra seria cruel para mim. E como eu te mentiria.


Rui Pires Cabral


(para me lembrar do que sou e do que tenho, ainda, muito a mudar)