quinta-feira, 6 de março de 2008

O amor é fodido


O fim não tem tempo.

É fácil morrer quando está tudo acabado.

E deixar de ver as árvores.

E deixar de tocar os muros.

Quando os há.

O fim não tem pressa.

Nem significado.

Se ao menos fosse uma surpresa.

Ou um alívio.

Ou uma inevitabilidade.

Poderíamos rir.

Poderíamos concluir.

Poderíamos conversar.


Mas o fim não tem carácter.

Só há uma maneira de dizer isto.

Só damos por ele quando já é tarde.


Miguel Esteves Cardoso